No distrito de Arua, em Uganda, mulheres que antes dependiam de ajuda externa estão reescrevendo seu futuro — economizando, emprestando e mobilizando recursos rumo à autonomia. Por meio de formações transformadoras e grupos de poupança liderados pela própria comunidade, essas mulheres não estão apenas sobrevivendo, mas prosperando: abrindo negócios, educando os/as netos/as e retomando o controle de suas vidas. Essa história inspiradora é uma lembrança poderosa de que a mudança real acontece quando as comunidades despertam seu próprio potencial.
Descubra como o fortalecimento da comunidade está mudando o jogo — e como você pode fazer parte disso.
Numa vila remota do distrito de Arua, está acontecendo uma mudança profunda — não liderada por grandes organizações ou governos, mas por mulheres da própria comunidade.
Muitas delas são responsáveis pelos/as netos/as órfãos/as devido ao HIV/AIDS e, por muito tempo, viveram em situação de pobreza, sem acesso a oportunidades, com pouca esperança de mudar de vida. Até pouco tempo, acreditavam que o dinheiro era algo que só vinha de fora: doações, sorte, instituições. Mas há pouco tempo, descobriram algo poderoso: é possível gerar, guardar e multiplicar recursos dentro da própria comunidade.
A virada começou com uma formação da Restitute Team Uganda (RETE-UG), promovida pelo Programa Virando o Jogo /Change the Game Academy, em parceria com o Fórum Nacional de ONGs de Uganda (UNNGOF) e apoio da Wilde Ganzen Foundation.
Ao participar da formação em Mobilização de Recursos Locais, a RETE-UG desenvolveu um programa com dois focos: educação financeira e mobilização de recursos comunitários. O objetivo? Ensinar as mulheres a poupar, planejar e liderar. Essa formação foi o ponto de partida de uma verdadeira revolução popular.
Com apoio da RETE-UG, surgiram as Associações de Poupança e Empréstimos Comunitários (VSLAs) — grupos organizados onde as mulheres guardam dinheiro semanalmente, emprestam entre si, e tomam decisões coletivas.
Além das ferramentas práticas (cadernetas, cofres, registros), o mais importante foi o que renasceu: o senso de autonomia e pertencimento.
Pela primeira vez, essas mulheres não estavam mais esperando ajuda. Elas estavam criando soluções com as próprias mãos.
As mulheres também aprenderam a mobilizar recursos no território, usando estratégias como caminhadas solidárias, eventos em escolas e programas de rádio. Em poucos meses, arrecadaram mais de 10 milhões de xelins de Uganda (cerca de US$ 2.500) em dinheiro, doações de bens e serviços voluntários. Esses números representam mais do que valor financeiro — simbolizam autonomia, confiança e transformação cultural.
Hoje, 20 mulheres gerenciam seu próprio grupo de poupança. Algumas abriram pequenos negócios, como barracas de verduras e oficinas de costura, o que permitiu pagar os estudos dos/as netos/as com orgulho e dignidade.
A associação está em processo de formalização legal, abrindo caminhos para acesso a políticas públicas e mais inclusão financeira. “Antes, eu não sabia que dava pra guardar dinheiro assim. Agora, tenho um pequeno negócio que me ajuda a educar meus netos”, conta uma das avós. “Meu neto me agradece, e eu tenho muito orgulho disso.”
Além da renda, os encontros promovem cura, afeto, fortalecimento e liderança.
A história dessas mulheres não é apenas emocionante — é um exemplo concreto de como o poder da base pode transformar territórios. Quando uma comunidade acessa as ferramentas para captar e gerir seus próprios recursos, ela conquista dignidade, sustentabilidade e protagonismo.
No Virando o Jogo / Change the Game Academy, acreditamos no potencial das pessoas — e vemos, em histórias como essa, o que é possível quando esse poder é ativado.
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